“Oi, eu preciso muito te contar uma coisa.

…não, não. Esquece, não era nada de importante…”

Não tenho um título pra isso

Ando pensando tanto, que meus pensamentos me paralisam. Não consigo sair do lugar e passo os dias pensando. Não consigo dormir, e se acordo, independente da hora, já era. Se eu desperto, antes da consciência já vem um turbilhão, uma tempestade de pensamentos que eu não sei ordenar. A cabeça dói.

NÃO QUERO PENSAR!

NÃO CONSIGO ME MEXER!

Sai pensamento, SAI. Vai embora com a lágrima. Vai embora com todo mundo que olha minha frustração e disfarça.

NÃO QUERO MAIS PENSAR!

NÃO CONSIGO ME MEXER!

Nem consigo mais disfarçar. Não consigo mais olhar pra parede e me isolar. E meu corpo todo é dominado pelo pensamento. PÉ, MÃO, ESTÔMAGO, CORAÇÃO. Tudo dói, tudo pensa sem parar, tudo paralisa só de pensar.

NÃO QUERO MAIS PENSAR!

NÃO CONSIGO ME MEXER!

Não quero abrir a porta e deixar que ela me veja assim. Ser maaais um problema, causa da expressão “ai meu Deus, mais isso agora”. Ser peso, estorvo, problema. Preciso continuar a fingir, a disfarçar,a  sorrir, a brincar, a dar sentido por fora ao que é vazio por dentro. Preciso fazer o esforço mínimo pra ser agradável, pra enfeitar que ta tudo bem, quando se me virassem do avesso só veriam interrogações, fios de pensamento sem começo, sem fim, sem sentido, sem piedade, sem desejo.

Penso tanto, que a luz do sol me incomoda, sair de casa já não me é uma opção. Não quero ver o brilho caloroso do sol, e a felicidade, a aparente vida comum e feliz, alheia me incomodam. Não quero ver sorrisos nem saber de boas notícias das pessoas. Tudo de bom que me resta são os poucos sorrisos sinceros em ocasiões de distração. Mas que não abrandam nem por um segundo essa maldita “pensação”.

NÃO QUERO MAIS PENSAR!

NÃO CONSIGO ME MEXER!

Vai lágrima, leva com você esse pensamento ruim, esse pensamento que já deu metástase e já tomou conta de mim. Sou toda pensamento. Infelizmente, sou só isso.

fria você

E aí eu decido acabar de vez com isso.
Como é mesmo? “…mas é que eu prefiro abrir mão de algumas coisas que eu gosto na vida e seguir em paz”. Paz. Mas que paz é essa? Posso me anular. Posso esquecer. Posso tentar esquecer. Posso fingir que não te conheci. Posso excluir cada vestígio de você do que me cerca. Posso começar achar o doce gosto do chocolate amargo. Posso fechar o parênteses – se é que um dia eu abri um – e continuar de onde parei. Posso colocar um ponto final. Ponto. . . Posso dançar sozinha “If You Don’t Wanna Love Me”. Posso comprar um livro só pra mim. Posso fingir que você não falou isso. E isso também. E mais isso. Posso fazer de conta que não houve história. Posso fazer de conta que não houve história, mesmo nossa história não passando da introdução. A não ser que uma história com micro capítulos nos satsfaça. Posso fantasiar e achar lindo A Fita Branca. Gostar e ter o esperado orgasmo com o final de Ilha do Medo. Posso te tratar com desprezo na esperança que minha culpa diminua por querer me esconder. Posso sim me esconder. Posso mudar meu esconderijo a cada dia. Posso desligar o celular. Ficar offline no msn. Posso tanta coisa que qualquer decisão me parece ruim.
Das poucas certezas que tenho na vida, a mais sensata é Não quero confusão. Não quero MAIS confusão. Bastam a desordem constante de meus pensamentos, desejos, frustrações, sonhos, tristezas, incertezas, indecisões. Basta minha confusão mental organizada. Porque não há necessidade de mais confusão. Basta o trauma, a vergonha, a desnecessariedade do ato.
Não quero cenas repetidas. Não quero liberdade parcial. Liberdade vigiada. Quero olhos ruivos sem culpa. Tudo isso pra me convencer que eu preciso ser forte. Ser fria. Ocupar a mente com tudo que não me leva a isso. Deixar de lado. Desviar da jaca pra não enfiar o pé. Tudo isso pra não ter que conviver com essa tal ressaca moral que não é só de um dia, mas de todos os dias. Dias que passaram e dias que viriam.

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